Para algumas crianças, setembro representa o início de mais um ano letivo, recheado
de expetativa e de vontade de rever os colegas. Para outras, o momento pode ser
vivido com alguma inquietação, própria do habitual processo de adaptação, em
especial na mudança de escola ou de nível de ensino.
A experiência deve, no entanto, ser partilhada em família.
O primeiro
dia
Após cerca de dois meses de férias, regressar à escola
representa o reencontro com os colegas e com um estilo de vida onde as
crianças, sobretudo as mais extrovertidas, se sentem bem. Como refere a
psicóloga infantil Alcina Rosa, «a maior parte das crianças reage com alegria.
Nas férias, elas passam muito tempo com adultos, o que acaba por aborrecê-las.
Voltar a ver os amigos é sempre motivo de felicidade».
Para as
crianças mais introvertidas, o regresso à escola pode funcionar como um
obstáculo. «Hoje em dia, a escola é cada vez mais um sítio social . Há miúdos para quem o social é mais importante do que
outros. Para esses, a escola é mais aliciante, enquanto os miúdos mais fechados
preferem as atividades em casa», afirma. A terapeuta considera que o diálogo é
a melhor arma para travar a subversão do papel primordial da escola.
«É melhor adotar um discurso que promova a importância do que se
vai aprender e não tanto os outros aspetos. É importante transmitir a ideia aos
nossos filhos de que a escola é um lugar muito bom, onde se descobrem coisas
novas que nos ajudam a perceber o mundo onde vivemos, o dia a dia. Um sítio
interessante onde também podemos conhecer muitas pessoas mas que,
essencialmente, nos ajuda a desenvolver enquanto pessoas», diz ainda.
Aprender
a... aprender!
Se, para as crianças mais
crescidas e adolescentes, regressar às aulas é encontrar o principal lugar de
socialização, geralmente, são os mais pequenos, em especial no ensino
pré-escolar e no primeiro ano do 1º ciclo, que reagem pior a esta fase escolar. O pediatra Mário Cordeiro explica que «é normal
o primeiro dia de aulas parecer traumático para algumas crianças, por todos os
desafios que representa».
«Se por um
lado, alimentam esperanças e são desejados, por outro, trazem sempre a ameaça
do desconhecido e da incógnita», afirma ainda. O autor de «O Grande Livro
da Criança» e «O Grande Livro do Adolescente» considera que «os pais devem
preparar o filho antecipadamente, num processo evolutivo que começa no
pré-escolar».
Essa orientação deve ser acompanhada de «instruções (e também
aprendizagem) de como é estar em sala, do adiar dos impulsos (de falar, gritar,
correr) e também do trabalho que o espera, insistindo na importância da
metodologia e da organização, mas sem dramatizar, ou seja, salvaguardando que é
um espaço onde se pode e deve continuar a ser criança», refere ainda o
especialista.
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